José e seu Pai




"Certa vez José decidiu dar uma festa! Afinal, o quinquagésimo aniversário do seu Pai estava chegando.
José não era um cara que gastava muito tempo sentado ao lado da cama de seu pai trocando figurinhas, conversando com os botões, falando do tempo ou apenas destilando gracejos. Pra falar a verdade, José não sabia direito o que fazer. Decidiu, então, imaginar qual seria a festa que lhe agradaria mais! Balões aos milhares, música muito alta, vários tipos de comida, bebidas a se perder de vista, mágicos, palhaços... Ninguém botaria defeito. Mas e se os convidados não gostassem tanto? Ora, que tipo de festa é essa que os convidados não são agradados ao extremo? Portanto, José decidiu pôr um pouco de cada. Já não importava mais tanto o que ele queria pra si, mas, também, o que os outros queriam. Assim, tinha comida doce e salgada, música alta e baixa, rápida e lenta. Mágico sério e engraçado. Palhaço mudo, falante e gritante. Depois de muito pensar, finalmente, todos os detalhes estavam acertados!
Nada faltou! Ninguém ficou de fora! Horas e mais horas de alegrias imensas! Muitos discursos emocionados, tudo muito frenético em determinadas horas, sereno e melancólico em outras. Todos os convidados saíram extasiados! Claro, cada qual tinha sua parte desgostosa da noite, mas seu gosto particular, uma vez atendido, gerou motivo suficiente pra garantir que no quinquagésimo primeiro ano, todos estariam de volta! José, inclusive, já começava a fazer contatos pra aumentar cada vez mais o número de convidados e a pompa! Tudo isso pra poder agradar seu pai. Ora, seu pai? De repente lhe ocorreu que não o vira em nenhum momento da festa! Onde ele estava quando o balão de sorvete estourou jorrando sabores diversos pra quem quisesse? Ou quando os golfinhos saltaram sobre os arcos em chamas? Depois de a poeira baixa, o barulho cessado e a casa vazia, José pôde contemplar seu pai sentado num canto. Quieto. Resignado. Não tinha o ar de alegria e êxtase que todos os outros. Que diabos era aquilo? Era simplesmente impossível imaginar que José não fizera a melhor festa do mundo! Todas as pessoas o tinham como um filho excelente. Não. José resolveu não pensar. Se seu pai não gostara de algo, o problema era dele. Simplesmente, não tem como alguém não ficar satisfeito com isso tudo. Do bom e do melhor! E pra sobrar.
Naquela noite José deitou se sentindo maravilhado! Afagava no peito a certeza de ser um filho maravilhoso. Todos os tapas nas costas, todos os sorrisos e brindes lhe davam a certeza de que seu pai, na verdade, tinha sorte de ter um filho tão dedicado. Com certeza... Não, com certeza ABSOLUTA ele conquistou todos os direitos de um filho ideal. Ah, que sorte do seu pai!
O pai de José foi dormir também. Mas feliz por aquela noite finalmente ter acabado."

Eu não quero entrar no mérito de explicar essa parábola, eu espero que o Espírito lhe traga a revelação de quantos cristãos e igrejas tem se comportado como José, agradando a todos menos o Pai.
E eu ainda vou mais longe, acredito que aqueles que querem agradar a todos acabam não agradando ninguém. Os seres humanos sempre estão em busca da sua auto-satisfação, e nessa busca desenfreada acabamos passando por cima até mesmo das diretrizes da palavra. Pra mim esse texto é uma exortação a todos nós, esteja você se identificando como José ou como os personagens da festa!!

Texto de um amigo querido que se intitulou C.H.S